Cartinha ao papai Noel
Papai Noel,
eu não fui uma boa menina no sentido mais ortodoxo da coisa. Não ajudei nenhuma velhinha a atravessar a rua e nem fiz o dever da escola. Mas isso tem uma explicação bastante consistente:
as velhinhas aqui do Rio são independentes e é capaz de elas te darem uma bolsada se você for ajudar, pensando que é assalto.
Quanto ao dever, bom, sinto informar, mas já tem um tempo que eu saí da escola. Bons tempos aqueles que eu usava uniforme.
Você tem sorte, papai Noel, e nem sabe. É sempre essa roupinha vermelha aí e você não tem que se preocupar se o gorro saiu de moda, se ele combina com suas botas pretas ou se você já usou um parecido na semana passada.
Mas, divago. Agora é a hora de pedir e isso eu sei fazer bem: não vou querer paz mundial e nem preservação da natureza porque sei que isso não é coisa do seu departamento. Vou me contentar com uma TV de plasma, um ipod e uma máquina que lava e seca da LG.
É como eu disse pro senhor, eu não uso uniforme mais e esse negócio de roupa dá um puta trabalho. Morro de inveja do senhor nesse quesito. Mas nem adianta dar uma de espertinho e me mandar um uniforme como o seu. Está muito calor no Rio para usar gorro e eu não fico bem de botas.
Esse ano é só isso. Vou pensar numa coisa bem cara para o ano que vem. Mas aí prometo atravessar uma meia dúzia de velhas. Nem que eu tenha que dar uma bengalada na cabeça delas pra isso.
Beijão
...na bochecha, Noel! Desculpe, sei que o viagra hoje em dia é uma realidade, mas para manter sua integridade física, aconselho que o senhor guarde os outros beijos para a mamãe Noel.
B.